*Essa pergunta foi muito longa e por isso vou respondê-la de uma forma diferente. Me ajudem aí leitores com a moça sonhadora.
LEITORA: Boa noite! Minha irmã teve que fazer um procedimento médico no hospital por cinco dias consecutivos. No primeiro dia a acompanhei, chegando lá, na entrada da emergência do hospital tinha um rapaz que controlava a entrada e saída das pessoas. Cheguei a comentar com minha irmã: que rapaz bonito. Desde então, disfarçadamente procuramos olhar para ele sempre que tínhamos a oportunidade. Teve uma hora, dentro da sala de emergência, que estava louca por um café, então, minha irmã comentou que na entrada da emergência tinha uma garrafa de café. Nossa! Como gostei de ouvir aquilo, pois seria um motivo para que eu pudesse beber um cafezinho e ao mesmo tempo olhar para o rapaz que tinha atraído minha atenção naquele dia.
MARI: Quem nunca arrumou desculpas para bizoiar um boy gatchinho né? Contudo, você deixou de fora do contexto sua idade e isso atrapalha bastante na hora de analisar seu perfil, mas vamos lá.
LEITORA: Quando consegui pegar um copinho de café, fiz um comentário: nossa como é bom beber um cafezinho, e ele por sua vez respondeu: verdade, um cafezinho é bom. A partir daí, percebi que ele também me olhava, e eu, com medo dele me julgar como uma mulher fácil, procurei me manter normal, sem disparar nenhum olhar a mais, me retraí.
MARI: LEITORA QUERIDA, mas que caipirice essa hein kkkkkk. Só faltou falar sobre o clima, não tinha coisa pior para comentarem não?! Até eu que sou bobinha e lerda consigo puxar mais papo que você guria kkkkkkkkk.
Será que ele olhou MESMO MESMO MESMO ou só olhou pq você ficava encarando ele? Será que ele te olhou por que a profissão dele é entediante, pois não vejo emoção ao abrir e fechar portas e alguém passando é mera distração?! Se houvesse interesse da parte dele, ele falaria sobre tudo, menos “sim, um cafezinho é bom”.
Pare de sonhar um pouco e vamos descer pra realidade.
LEITORA: No quinto dia, quando só levei minha mãe e irmã ao hospital, lá estava ele. Notei que quando estávamos dando entrada na emergência, ele não tirava os olhos da entrada, bem como parecia que estava pensativo. Quando sentamos na poltrona esperando a chamada de minha irmã, ele tentou de alguma forma se aproximar, tentando fazer comentários sobre o noticiário que eu estava assistindo. Porém, por estar com minha mãe e irmã, não me senti à vontade de corresponder ao comentário dele e acabei passando a imagem de uma pessoa antipática. Mesma coisa, quando chamaram minha irmã, me despedi das duas e nem sequer olhei para ele, sendo uma pessoa antipática pela segunda vez.
MARI: OH MY GOD não creio que ele estava trabalhando no local de trabalho dele e no horário de expediente! PUTA COINCIDÊNCIA essa hein kkkkkk
Moça, se as pessoas têm enormes dificuldades para entender o que é dito claramente e com todas as letras, sílabas e consoantes, como você vai tentar decifrar o moço que estava estranhamente pensativo?
Ele poderia estar pensando na morte da bezerra e já pensou que passam por ele milhares de pessoas por semana? Nesse contexto, seu rosto é só mais um “conhecido” no meio da multidão.
LEITORA: Acontece que, desde então, me paro pensando nele e às vezes me pergunto como pude perder a oportunidade de conhecer uma pessoa. Por esses dias, tive uma inflamação de garganta boba, mas não perdi a oportunidade e fui ao hospital porque queria vê-lo. Chegando lá, não sei como, mas meus olhos literalmente não saíam de cima dele. Claro que era um olhar saudável e nada de vulgaridade. Ele percebeu e lembrou de mim, percebi na forma como ele me correspondeu com o olhar, chegando até a gaguejar o número do consultório o qual eu tinha que entrar para ser consultada, quando fui chamada por ele. Neste momento, pude ler seu nome no crachá. Fiz uma pesquisa nas redes sociais, mas não consegui encontrá-lo. Percebi que ele não usava aliança. Queria saber alguma coisa dele, se é casado ou comprometido com alguém, pois não quero me envolver ou nutrir um sentimento por alguém que possa ter algum tipo compromisso com outra pessoa. Para mim está muito difícil, pois não sei nada dele, apenas o nome.
MARI: Depois de tudo que foi relatado, não consigo me desvencilhar da imagem de uma moça jovem (18 a 25 anos), sonhadora, de família religiosa e rígida que precisa de uma desculpa bem das esfarrapadas pra ver o crush.
Por vezes ressaltou o quão discreta foi e que tentou não demonstrar interesse, de forma a sua família não perceber suas intenções e um desespero pra mostrar que é moça de família, recatada e do lar. Sei lá, me soou desesperada a forma como você pensa que o mundo te enxerga e tente se libertar disso o quanto antes.
Quem vive a sua vida é você e só há uma vida a ser vivida, por mais clichê que possa parecer, é uma verdade. Pare com esse pensamento de “o que as pessoas vão pensar de mim” e vá ser feliz, talvez só assim você pare de romantizar tudo, sonhar acordada e pare de criar situações com um cara que mal conhece e malemal sabe o nome.
Continuando, não estar nas redes sociais e não usar aliança não te garante muita coisa.
Primeiro: você pode ter procurado por JOÃO DA SILVA enquanto no facebook ele pode estar num perfil duplo de casal brega.
Segundo: muitos locais de trabalho não permitem o uso de assessórios. Hospitais e fábricas é um bom exemplo de locais onde adornos são proibidos. O meu mozão mesmo não usa aliança no trabalho. Ele retira a aliança no início do expediente, coloca no armário e volta a colocá-la quando pega o busão de volta.
Ah e ele também não tem facebook kkkkk. Já pensou se você encarnou no mozão e eu não tô sabendo? Ainda bem que ele não trabalha em hospital!!!
Terceiro: pra saber alguma coisa dele, só perguntando para ele ou para as colegas de trabalho dele, que diga-se de passagem, você tem intimidade ZERO.
LEITORA: Até para vê-lo, só se eu for na emergência do hospital, como fiz no dia que estava com a garganta inflamada. Não faz meu tipo correr atrás de algum homem e também tenho medo de ser mal interpretada. E penso que a entrada de emergência não é lugar para isso, e lá também é o local de trabalho dele.
MARI: Quem acha que ela beirar porta de hospital pra paquerar é furada levante as mãos! E por favor, não me vá achar outra doença pra forçar um encontro com o moço da porta.
LEITORA: Hoje, me arrependo muito de não ter respondido ao comentário dele quando, na verdade, poderia ser o começo de uma amizade ou até mesmo de um relacionamento. Me arrependo, porque não sei quem ele é, onde encontrá-lo a não ser na porta de um hospital. E fico pensando: será que ele também não tem esse mesmo pensamento sobre mim? Pode pensar que não respondi seu comentário por ser uma mulher comprometida. Enfim, estou aqui para buscar um conselho no que fazer. Obrigada.
MARI: Pare de sofrer por uma situação que só aconteceu na sua cabeça e foque no que é real.
“Mas Mariana, o que foi real?”
Tudo não passou de um flerte e olhe lá. Todo o romance ficou restrito na sua cabeça e deixe-o onde está, pois os riscos são grandes demais.
Tenho certeza que você não terá coragem de chegar na porta do hospital e dizer “Oi, meu nome é Ícara Sonhadora, estive aqui faz alguns dias e reparei que você é gato e também me deu umas encaradas nervosas, toma meu número pra marcarmos um sorvete”.
TEM GENTE QUE TEM O DOM PRA SER DIVA, ir lá, fazer carão, arrasar na cara do boy e sair por cima. Todas as vezes que eu tentei divar, me dei mal.
Eu não teria coragem, até mesmo por que o risco dele te ignorar e proporcionar um momento de vergonha alheia é enorme. Até mesmo você já sabe que ele está trabalhando, não lhe deu NENHUMA evidência (salvo troca de olhares que eu desconfio muito que existiram) e falou sobre como é bom tomar café. SÓ ISSO, FIA.
CONTUDO, se o que você sentiu foi MUITO forte e todos os riscos valem a pena, escreva num bilhetinho seu nome e número para contato e entregue para ele. Simples assim, e você não será uma puta por isso, só uma mulher corajosa e que sabe o que quer.